Ir ao contido Ir á barra lateral Ir ao pé de páxina

Nee Barros: “Se nom falasse galego, nom conheceria algumas das minhas melhores amizades”

Escritore e creadore de contido nas redes con máis de 2.300 subscricións á súa canle de YouTube, Nee Barros converteuse en neofalante de galego cando iniciou o bacharelato en Pontevedra. Ata daquela, se ben elu tiña vontade de emprender ese cambio lingüístico, a hostilidade do ambiente na primaria e a ESO complicáballe dar o paso. Agora si, asentade no galego, di que é a lingua na que pode ser elu mesme, a lingua que lle abriu as portas a publicar dous libros – 19 poemas para um VÍRUS-19 e Identidade – e a lingua na que coñeceu algunhas das súas mellores amizades de hoxe. Apela á administración a impulsar proxectos achegados á mocidade para o fomento do galego e fai un chamamento á potencial poboación neofalante: “Tu pensa que o castelhano já o fala muita gente na Galiza, precisamos-te do lado do galego!”.

Nee, cal era a túa relación co galego antes de decidir ser neofalante? Que presenza tiña na túa vida?

A minha família criou-me em castelhano porque era o idioma em que falavam entre elus; mas também me levavam a um monte de atividades culturais, contadories de histórias, teatro… onde sim escuitava galego e pouco a pouco fum aprendendo-o. Nesses mesmos ambientes descobrim que, se eu nom fora criade em galego, era por uma situaçom injusta: aquilo que chamavam a diglossia. Nas minhas maos estava também mudar esta injustiça, porque nom falar o idioma do lugar em que vivia que perdia falantes todos os anos?

En que momento te botaches a falalo? Cales foron eses ambientes nos que te sentiches máis cómode para iniciarte?

Foi um processo raro. Eu vivia em Marim, uma cidade próxima a Ponte Vedra, e estudava numa escola religiosa do seu centro, onde passei toda a primária e a ESO. Ainda que queria mudar ao galego, era quase impossível pola hostilidade do ambiente, polo que empecei a fazê-lo nos obradoiros de teatro “A procura do tesouro” do grupo Migallas, no Paço da Cultura de Ponte Vedra. Também nalgum obradoiro de música (Aula Folque Infantil, que depois reconvertiria-se numa atividade só com o professor Marcelo Dobode). Estes ambientes eram para mim e para muitas outras crianças um espaço seguro onde medrar numa língua que, ainda que para muites de nós nom era a materna, sentíamos como própria. Aproveitava também os certames de literatura que topava para enviar textos em galego.

O momento preciso em que figem a mudança de língua foi quando puidem passar a fazer vida em Ponte Vedra, já que o bacharelato de artes cénicas só era ofertado no IES Frei Martín Sarmiento. Quando me liberei da gente que ria de mim na escola (sofrim bullying por parte do alunado e do professorado) puidem empezar a ser eu, já que este instituto era muito mais aberto, justo e tolerante. E para mim esse empezar a ser eu foi, no 2018, empezar num novo instituto como 100% galegofalante, já com o meu nome real e pedindo-lhe a gente que nom me tratasse em feminino. Estes dous últimos pontos, o do género e o nome, explicam-se porque sou uma persoa trans. E parece-me tam importante nesta história porque a mudança de idioma foi ao mesmo tempo que a mudança social. Eu agora relaciono o galego com a língua em que podo ser eu mesme. Forma parte da minha identidade, assim como forma parte da minha identidade o meu nome (inventado e escolhido por mim) ou os meus pronomes (o neutro elu e o masculino ele).

E como foron eses primeiros intentos de falar galego nese primeiro colexio que para ti era un espazo hostil?

Na escola em que nom puidem ser eu mesme nem falar a minha língua, o ambiente era completamente hostil. Falar galego era um motivo para que rissem de mim e me acusassem de ser “de monte”, ou para que alguma parte do professorado se molestasse (“e nom poderias fazer as cousas em castelhano? sempre tes que chamar a atençom?”). Também era um ambiente hostil para ser uma persoa trans, ou para qualquer traço que saísse da norma. O mais difícil foi aturar esses anos e esses insultos, e ter que esperar para poder falá-lo. O processo de mudar a expressar-me completamente em galego foi mui fácil. Nom digo que nom houvesse gente que fixesse perguntas, que lhe semelhasse raro… Mas levava tanto tempo querendo fazê-lo que foi uma liberaçom.

Dis que o galego é a lingua na que podes ser ti mesme. Como te cambiou a nivel persoal? Que portas che abriu? 

Abriu-me muitas portas. Como escritore, puidem publicar dous livros em galego: 19 poemas para um VÍRUS-19 e Identidade. A normalidade do non-común, que a comunidade literária galega acolheu com muito apreço, e que está a ser lido em vários centros da Galiza! Também neste eido puidem chegar a participar em muitos certames com os que temos a sorte de contar na nossa língua.

Por outro lado, também tenho um canal do YouTube onde falo de literatura (tanto resumos para as ABAU como recomendaçons) e género. Formar parte da comunidade do YouTube em galego, des youtubeires, permitiu-me topar um monte de apoios que me ajudarom a crescer, e também outres criadories des que gosto muito! Em geral, nas redes em galego há algumas comunidades mui lindas. Se nom falasse esta língua, nom conheceria algumas das minhas melhores amizades de hoje. Podo pensar em gente genial como o @AmilGZ (leva a conta @emgalego no Twitter); o Son das Ideas ou o astroxabi (divulgadores científicos); os canais do Twitch de ciência Balea Vermella, Ciencia e tal e Ecos de Xigantes; o podcast as Womansplainers; o canal do YouTube Lilium; Malva no Tiktok… Poderia fazer uma listagem infinita de gente genial.

Claro, ti es youtubeire e tamén creas contido en TikTok, Instagram, Twitter… De que saúde goza o galego por estes lares? Son espazos de oportunidades para o galego?

Penso que estamos a criar comunidades mui lindas, e que cada vez há mais gente a criar conteúdos; mas ainda resta muito por fazer. Muitas persoas recebemos comentários negativos por expressar-nos em galego, mas também som muitos os comentários de gente à que lhe ajudamos a aprender o galego ou a ter a confiança para empregá-lo nalguns âmbitos. Por outro lado, por suposto que penso que som um espaço de oportunidades, de facto penso que som oportunidades que é obrigatório que aproveitemos. Num contexto como vive a nossa língua, nom estar pressente na Internet seria outro dos fatores que poderiam levá-la a desaparecer.

No teu propio proceso de cambio de lingua, xogaron algún papel as redes sociais?

Forom um apoio. Cada vez que tinha dúvidas linguísticas podia contar com @emgalego. Quando mudei ao reintegrado um monte de gente me apoiou polo Twitter. Enquanto na realidade quase nom topava ninguém que falasse no meu idioma, na Internet havia gente (tanto neofalante como paleofalante) que sim o fazia.

Pouco despois de dar o paso ao galego, deches outro máis cara á normativa reintegrada. Que reflexión hai detrás desta decisión?

Penso que é um jeito lógico de representar o nosso idioma. Se hoje escrevemos galego como o escrevemos, é porque houvo um tempo (depois dos séculos escuros) em que nom se conhecia a ortografia anterior das cantigas medievais, e tomamos como referente o castelhano por culpa da diglossia. A minha postura é a binormativista: acho que devemos aceitar ambas as normas e reivindicar o galego, bem seja escrito com NH ou com Ñ. Por outro lado, o reintegracionismo permite-me conectar com outras variedades do que eu considero a mesma língua. Como defende o Jon Amil, se no Brasil, Portugal e no resto da lusofonia também dim MINHOCA, JOANINHA e CARVALHO; o que ganhamos nós escrevendo MIÑOCA, XOANIÑA e CARBALLO?

Tamén tes dado aulas particulares de galego. Que tiras desa experiencia logo de pasar tamén polo lugar de alumne da materia de galego na escola?

O ano passado impartia, este já nom. Para mim a matéria de galego na escola foi difícil. Nom vou negar que tivesse alguma professora da que sim gostei, mas topei com muitas outras que faziam que odiasse o que tínhamos que estudar. E com isto nom quero culpabilizar o professorado de galego, que muitas vezes está mui implicado e realiza um trabalho genial de normalizaçom baixo umas condiçons que nom som ótimas. Só digo que no meu caso foi o contrário. Professoras que nom davam classe, que baixavam nota se nom punhas o que queriam, currículo inabordável… Eu adoro a literatura galega e várias vezes estivem a piques de suspender exames por nom pôr exatamente o dos apontamentos, quando caia um tema que adorava e do que lera bastantes dos livros que entravam. Mas isto é um problema do sistema educativo em geral, suponho.

Vemos que cada vez máis persoas se identifican como neofalantes, pero segue sendo un fenómeno minoritario. Que responsabilidade cres que ten a administración nisto?

As administraçons e a política deveriam apoiar o galego se querem que a gente o use. O que nom pode acontecer é que muitas das iniciativas que dinamizam a nossa língua dependam da vontade de gente que trabalha de jeito completamente altruísta, ou quase, como estamos a ver. Deveriam fomentar, por exemplo, projetos como Twitch en galego ou Podgalego; ou disponibilizar as séries e filmes dobradas à nossa língua. Que existir existem, mas nom temos acesso a elas. Levamos 40 anos de oficialidade, e parece que estamos a retroceder. Decissons como a mudança do Decreto para a promoçom da língua galega na educaçom polo Decreto do Plurilinguismo, que limitou a nossa língua a um terço da carga horária total no ensino, nom forom tomadas sem consequências. Hoje muitas crianças aprendem o castelhano por defeito, porque nom garantirmos uma educaçom infantil íntegra em galego para que também podam aprender este? Já estamos a ver persoas que querem dar o passo de falar na nossa língua e que, polo seu escasso conhecimento dela, nom som capazes.

Xa para rematar, e dende a túa experiencia, como aconsellarías unha persoa que anda indecisa e non se atreve a botarse a falar en galego?

Eu sou muito de dar o passo e mudar em todos os ambientes ao mesmo tempo, porque a mim me funcionou assim, e foi como um desafio. Mas entendo que nom todo o mundo é igual. Se para ti é difícil podes empezar por responder em galego a persoas galegofalantes. E depois mudar ao galego em ambientes “anónimos” (quando vás comprar, por exemplo). Falá-lo por redes e unir-te a outra gente que também o faga ajuda muito, assim como consumir conteúdos na nossa língua: música, YouTube, Twitch, Podcasts… E aos poucos podes dar o passo com cada vez mais persoas. Tu pensa que o castelhano já o fala muita gente na Galiza, precisamos-te do lado do galego!

Deixe un comentario

Este sitio emprega Akismet para reducir o spam. Aprende como se procesan os datos dos teus comentarios.